O mundo maravilhoso da Psicanálise

Roberto Alexander de Oliveira Gonçalves / Presidente do IBPC


A Psicanálise nasceu no século 19, quando o lirismo e os sonhos embriagavam os salões encantados da Europa guerreira. Mesmo vivendo a castração do período Vitoriano na Inglaterra, a boêmia e velha Europa não desistiu do afeto, entre uma guerra e outra. Os grandes poetas e escritores do período, em transe no surto romântico, lá e aqui, morreram de amor pela vida, deixando muito cedo o palco da existência, mas vivendo a eternidade de suas obras. Enquanto a Viena de Strauss exportava a sensibilidade pela música, fazendo o mundo sonhar com suas valsas inesquecíveis, nascia a grande e poderosa cirurgia da mente, pelas mãos do gênio Sigmund Freud.

A Psicanálise só poderia ter nascido ali, naquele instante sublime que a ciência se encontrou com alma, gerando a teoria dos sonhos. No apogeu dos cafés de Paris, principal ponto de encontro da intelectualidade universal, Charcot recebe o jovem Freud, começando nesse encontro a maior revolução da mente que a humanidade conheceu, em todos os tempos

Com as teorias de Freud, o mundo ocidental nunca mais foi o mesmo, começando pela confirmação da existência do inconsciente, descoberta que retira das trevas a mais lenta área da medicina. A questão das emoções, base fundamental da existência, ainda se explicava, mesmo depois do “to be or not to be” de Shakespeare, pelos parâmetros das cavernas e da força bruta.

Freud criou o divã, descobrindo a cura pela palavra, sem uma gota de remédio. Um momento apoteótico da ciência, quando cravou seu ingresso seu ingresso na eternidade. Na restrita galeria dos imortais, Freud fumou calmamente seu charuto, colocando o retrato na parede, ao lado dos grandes gênios da humanidade.

As emoções do amor, as pulsões que fazem viver, os sonhos que nos mantém acordados, as vontades e desejos que nos humanizam, encontraram caminhos na vitoriosa batalha freudiana em busca da felicidade. Freud abriu a janela e nos mostrou a bonita linha do horizonte. A genialidade é rara na natureza humana, mas produtora contínua de alternativas oxigenadas pela mente emocionada.

O Instituto Brasileiro de Psicanálise Contemporânea é solidário e parceiro da liturgia de contemplação e exaltação a Freud, repetindo os versos de Vinicius de Moraes, quando declarou que o ” amor nos coloca em pose de oração”.

Senhora severa das emoções, mas sem perder de vista a racionalidade, a psicanálise mergulha em nossas vidas, colorindo de respostas o retrato preto e branco da dúvida. Milhares de psicanalistas se espalham em todos continentes, como pastores das emoções que produzem vida e mostram caminhos, sempre inspirados na teoria freudiana.

O IBPC tem a responsabilidade de apontar o divã para os espíritos aflitos e as almas doloridas, reduzindo o sofrimento e plantando a bonita semente das emoções positivas. Aos críticos da psicanálise, respondemos com a ortodoxia de uma teoria que jamais saiu dos trilhos.

A psicanálise é muito séria para se aventurar no modismo de escolas, tendências ou dissidências que erguem bandeiras de rebeldes sem causa. Não adotamos a filosofia, nem a postura da psicanálise estática, revestida de dogmas subjetivos.