O Psíquico e o Corpo sobre a ótica da Psicanálise
Alzira Helena Azevedo Agostinho/Psicanalista formada pelo IBPC - Instituto Brasileiro de Psicanálise Contemporânea
Atualmente com a correria do dia a dia, está cada vez mais comum ouvirmos a palavra somatização. Mas afinal o que vem a ser somatização e o que a psicanálise pensa sobre o assunto ?
A psicossomática busca um entendimento da relação mente-corpo e dos processos de adoecimento, partindo da observação de distúrbios físicos nos quais os processos emocionais tem um papel importante. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde é diferente de não ter doença, isto quer dizer que ter saúde é usufruir de um bem-estar-psíquico biológico e social.
Os conceitos essenciais da psicanálise estão relacionados ao corpo. A pulsão tem como fonte, o somático e a unificação do corpo sendo que a constituição do eu, se dá pelo narcisismo; o ego é corporal, o que nos demonstra que na psicanálise sempre se evidenciou a relação entre o psíquico e o somático como referencial para compreender os significados da sexualidade na vida do sujeito e avaliar como os traumas, fracassos e angústias podem evoluir para doenças psicossomáticas.
Quando a dor psíquica e o conflito psíquico decorrentes de uma fonte de estresse ultrapassam a capacidade habitual de tolerância, em vez de serem reconhecidos e elaboradas, elas podem ser descarregadas em manifestações somáticas, levando a uma falha na capacidade de simbolização e elaboração mental. Desse modo, com certas dificuldades de enfrentar tensões, o adoecer pode ser considerado como uma tentativa de estabelecimento de um equilíbrio para o corpo, assim como o sintoma neurótico representa a saída para um conflito psíquico.
Portanto, o papel do psicanalista no setting analítico é identificar as causas que levaram o paciente a procurá-lo e permitir a ele compreender através de suas queixas de dor de cabeça, enxaqueca, resfriados frequentes, asma, gastrite, alergias, ganho de peso, entre outras preocupações elevadas, que há sentimentos vinculados a esses sintomas, cuja origem não é explicada pelas ciências médicas.
Através da anamnese com abordagem psicossomática, o analista buscará conhecer a respeito do paciente, de suas queixas e principalmente do que ele não fala, dando-lhe a oportunidade de expor seus sentimentos, angústias e frustrações, pois a doença muitas vezes é uma escapatória de situações de conflitos ou aparece pela necessidade de carinho e atenção, a necessidade de ser cuidado pelo outro. Esses relatos muitas vezes para o paciente, não tem relação com a doença, porém mais tarde se revelam extremamente importantes na compreensão do quadro clínico.
Após a investigação e a coleta de dados, o analista auxiliará o paciente a tornar-se co-responsável pelo tratamento, deixando sua postura passiva agir ativamente na sua melhora, proporcionando-lhe ressignificar e buscar as respostas do seu “eu” interior e torná-las mais claras para assim ter uma compreensão melhor de como lidar com os anseios, angústias e frustrações do mundo exterior, proporcionando-lhe uma melhora significativa na sua qualidade de vida.